Em 10 meses, Peugeot e Citroën quadruplicaram vendas em Pernambuco. Perguntamos os motivos a Fred Dubeux, responsável pela Pigalle no estado
Quando Fred Dubeux, hoje superintendente da rede de concessionárias Pigalle (Peugeot/Citroën) do Grupo ADTSA para Pernambuco, entrou como estagiário na área de marketing do escritório regional da Fiat, em 2001, a marca vivia um grande momento. Na virada do século, a marca italiana tomou da Volkswagen a liderança do mercado brasileiro em vendas.
“Lembro que foi uma tremenda comemoração e, logo em seguida, eu fui para área de distribuição. Era um desafio grande porque todo faturamento dos carros da rede passava por mim. A rede se estruturando, novas concessionárias sendo abertas e o Palio recém lançado bombando nas vendas”, relembra Dubeux que hoje comanda no Estado outra pequena revolução. A ascensão das marcas Peugeot e Citroën sob a batuta do Grupo Stellantis.
Ainda sobre a trajetória do executivo, no final de 2008 Fred Dubeux recebeu convite da Volkswagen, para assumir o cargo de consultor de vendas diretas. Em 2011 aceitou o convite do grupo ADTSA e foi trabalhar na renomada Meira Lins, concessionária Volkswagen, como gerente de vendas diretas. Em 2016 incorporou a gerencia de venda direta da Regence, distribuidor Renault. E no ano passado deixou a marca Renault para assumir a superintendência da Pigalle. A rede, com três lojas no Grande Recife, é a única autorizada Peugeot/Citroën no estado, e também tem a exclusividade na comercialização dos modelos elétricos das duas marcas francesas para todo o Nordeste.

GRUPO EMPRESARIAL TRADICIONAL
O Grupo empresarial ADTSA é quase centenário. Começou na área de transportes, em Garanhuns, agreste pernambucano, e ampliou suas operações com empresas em vários segmentos. No setor automotivo trabalha com as concessionárias Meira Lins (Volkswagen), Regence (Renault), Pigalle (Peugeot e Citroën), além de revendas Chevrolet, Volkswagen, Renault e Ford no Ceará. Estão assumindo em Pernambuco a representação da GWM (Great Wall Motors), fabricante chinesa de utilitários esportivos eletrificados no segmento premium.
MOMENTO PEUGEOT / CITROËN
Fred Dubeux viu o mercado automotivo mudar muito nos últimos 20 anos fazendo com que os distribuidores e as revendas se adaptassem constantemente. Para o executivo, a criação do Grupo Stellantis, incorporando a antiga PSA (Peugeot e Citroën) desencadeou praticamente uma revolução nas duas marcas francesas. “No pós-pandemia a Stellantis adotou com a Peugeot e Citroën uma postura contrária em relação às outras montadoras. Eles focaram nos veículos 1.0, mais populares, digamos assim, um segmento que até então não era associado às marcas francesas, que eram mas relacionadas com carros sofisticados”, diz Dubeux.
Com a mudança de cultura, Fred viu surgir nas lojas um novo cliente para as marcas. “É o cliente jovem que está em busca do seu primeiro carro, isso significou para a gente a necessidade de adaptação, na comunicação e até na estrutura das lojas. Claro, não esquecemos o cliente tradicional Peugeot e Citroën, aquele que busca modelos mais premium e tecnológico, como os eletrificados, mas é preciso dar atenção a este novo consumidor que quer ter a primeira experiência com as marcas francesas”, afirma Dubeux.
BRASILEIRO AINDA QUER TER SEU CARRO PRÓPRIO
Para Fred o lançamento dos modelos de entrada da marca, Peugeot 208 Style e do novo Citroën C3, atendeu muito bem a esse público jovem. “O resultado desse novo momento das marcas é que de maio do ano passado para cá estamos vendendo quatro vezes mais. Em setembro do ano passado, para se ter uma ideia, as vendas quintuplicaram”, diz o executivo.
Para Fred produtos de entrada que tragam design, tecnologia, baixo consumo de combustível e de custo de manutenção são a receita do sucesso dos modelos de entrada Peugeot e Citroën. “A Stellantis entende o mercado muito rápido, e dá respostas muito rápidas também”, diz ele.
Para Dubeux, a tão divulgada fuga do cliente da necessidade de possuir um carro nos dias de hoje até existe, mas ele garante que a maioria dos brasileiros não faz parte desse movimento. “Brasileiro continua apaixonado por carro e futebol, principalmente aqui no Nordeste, onde ter um carro ainda é desejo de muita gente”, conclui.