Concessionárias vão sofrer com falta de carros no estoque
Por Sílvio Menezes
Se a produção e as vendas de veículos já vinham registrando uma redução quando comparadas com anos anteriores, o agravamento da pandemia do novo coronavírus caminha para provocar uma nova escassez de carros no mercado brasileiro.
Nos últimos dias, seis fabricantes do País anunciaram suspensão dos trabalhos para tentar frear a onda de contágio.
A paralisação acontece para proteger a saúde de funcionários das fábricas e também por causa da falta de insumos necessários para produzir os veículos.
E o consumidor que sair em busca de um veículo zeroquilômetro nas próximas semanas, certamente, vai ter dificuldades para encontrar.
A “falta” de alguns modelos já vinha sendo percebida faz algum tempo. A reportagem constatou isso em várias lojas.
“Pegar ou esperar”
O cliente chegava em uma concessionária e não encontrava todos modelos. A regra valia pra automóveis populares ou de luxo.
Nacionais ou importados. Quem quisesse uma configuração dos sonhos, acabava convencido de levar um veículo similar pronta-entrega para não esperar tanto.
A tendência é que fique mais difícil num curto prazo. Cada fabricante hoje tem um tipo de dificuldade, mas todos estão sofrendo com a falta de peças.
Há um desabastecimento global de semicondutores, que são componentes usados em equipamentos eletrônicos.
E isso é sufi ciente para travar a produção. “O processo de construção de carros é muito complexo e conta com fornecedores variados no Brasil e no mundo.”
“São milhares de componentes num veículo e basta um grande fornecedor não conseguir entregar o produto e a fábrica vai parar.”
“Já imaginou o veículo todo pronto e a fabricante de farol não entrega a peça? Vai ficar tudo parado, diz Alexandre Costa, consultor automotivo.
E essa lógica já ficou visível no nosso dia a dia. Primeiro a Volkswagen suspendeu a produção em suas fábricas até o dia 4 de abril.
Agora foi a vez da Nissan paralisar os trabalhos no Rio de Janeiro até o próximo mês.
A Toyota também vai parar. A Chevrolet não chegou a parar a produção, mas suspendeu a fabricação do Onix sedan.
A Scania (com uma unidade em São Paulo), a Volvo (em Curitiba) e a Mercedes-Benz já tinham parado a produção.
E, em conversas com especialistas, a tendência é de paralisação de outras marcas.
A Anfavea (associação dos fabricantes de veículos) vai fazer uma entrevista coletiva no começo de abril para detalhar os rumos da indústria no País.