COMO ESTÁ A FORD HOJE NO BRASIL depois de dois anos do fechamento das fábricas?

Notícias 26/01/2023
Ford Maverick

Há exatos dois anos, a Ford anunciava que havia desistido de fabricar carros no Brasil. O fechamento de suas três fábricas no País (Taubaté -SP, Camaçari-BA e Horizonte-CE) pegou o mercado de surpresa, ainda mais porque a Ford sempre se situou entre as quatro maiores montadoras instaladas aqui, ao lado da Volkswagen, Chevrolet e Fiat. A Ford foi ainda a pioneira na fabricação de automóveis no Brasil, inaugurando sua primeira montadora em 1919, em São Paulo, para a produção do lendário Modelo T. 

Ao longo desses 100 anos, muitas famílias brasileiras tiveram um carro da marca Ford na garagem, como as elogiadas F-100 e F-1000, o popular Corcel, o requintado Landau, o desejado Escort XR-3 além do EcoSport, modelo que inaugurou a categoria SUV compacto, que hoje faz tanto sucesso entre os brasileiros.

Mesmo com toda essa tradição, a matriz da Ford decidiu no final do ano de 2020 mudar sua estratégia para o Brasil, passando de fabricante para importador de automóveis. As imagens divulgadas no YouTube de carrocerias retiradas da linha de montagem em Camaçari para serem esmagadas e vendidas como sucata, chocou muita gente. A fábrica baiana, um investimento de R$ 1,2 bilhão e que produzia carros há 20 anos, foi fechada, tendo sido mantido apenas um centro de desenvolvimento e adequação de veículos importados para o mercado brasileiro.

Quando encerrou a produção brasileira, a Ford ocupava o quinto lugar em vendas entre os fabricantes e tinha uma participação de mercado de 7,4%. Cerca de 16 mil funcionários foram demitidos. A rede de distribuidores perdeu no primeiro ano após o fechamento cerca de 150 pontos de vendas. Hoje tem cerca de 80  distribuidores no Brasil, segundo o site da Abradif (Associação Brasileira de Distribuidores Ford).

A FORD RESOLVE SE MANTER NO BRASIL COMO IMPORTADORA. VEJA O QUE MUDOU

Com o fim da produção da Ford brasileira saíram de linha modelos populares como o Ka (hatch e sedan) e o EcoSport, deixando consumidores da marca e concessionários atônitos. O Troller, fabricado no Ceará, apesar de nunca ter sido um modelo de grande volume de vendas, era valorizado entre os jipeiros.

A Ford permaneceu no Brasil como importadora, e passou a apostar em produtos premium. Em 2021 seu portfólio se resumia a três modelos: a picape Ranger, produzida na Argentina, o SUV Territory, que é trazido da China e o esportivo Mustang, importado dos Estados Unidos. Em 2023 o portfólio está maior. São seis modelos; os três vendidos anteriormente ganharam a companhia do SUV Bronco, a van Transit e a picape Maverick. Esta última foi o carro mais vendido da marca no Brasil no ano passado, com 1.382 unidades comercializadas

FORD VENDE HOJE 9% DO QUE VENDIA HÁ TRÊS ANOS

Para se ter uma ideia no baque no volume de vendas desde o fechamento das fábricas, em 2019 a Ford vendeu 218 mil veículos, entre automóveis e comerciais leves. No ano passado, em 2022, esse número foi de 20,5 mil unidades, segundo a Fenabrave.

A empresa gastou bilhões de Reais em indenizações a trabalhadores demitidos, concessionários e ao governo da Bahia (que segundo a imprensa foi indenizado em R$ 2,5 bilhões). Como toda a atividade econômica, a Ford passou por dificuldades graves durante a pandemia mais conseguiu se recuperar.

A diretoria da Ford no Brasil anunciou em dezembro do ano passado ter conseguido superar cerca de uma década de prejuízos na região e voltado à ter lucros na América do Sul. Nos três primeiros trimestres de 2022, a empresa alcançou US$ 300 milhões em Ebit (lucro antes de deduzir juros e impostos). Ao trocar produção local e volume de vendas por rentabilidade, parece que a Ford fez a escolha certa.

RECUPERAÇÃO E NOVOS LANÇAMENTOS

Com a redução brutal de custos, e mesmo vendendo menos de 10% do que vendia antes, a empresa conseguiu se recuperar em pouco tempo, recuperou inclusive a própria imagem, que ficou abalada com o fechamento brusco das fábricas e a retirada de linha de modelos populares.

Hoje, o carro mais barato à venda pela Ford no Brasil é a Ranger XL, que custa cerca de R$ 230 mil, e o mais caro é o Mustang, na casa dos R$ 570 mil. A marca fechou 2022 com 20.824 unidades vendidas (1,06% de participação no mercado nacional), segundo a Fenabrave, mas ao alcançar o equilíbrio financeiro necessário já anunciou novos lançamentos para o mercado brasileiro em 2023. Vêm aí a picape F-150, a Maverick híbrida e o SUV elétrico Mustang Mach-E.

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